Santos aposta em manobra jurídica para adiar punições e manter mercado aberto

Escrito em 08/07/2025
Redação Santos - Jogo de Hoje

Clube prepara recursos ao Tribunal Arbitral do Esporte para contestar decisões da Fifa que somam mais de R$ 43 milhões — e evitar novas sanções na próxima janela

 



João Basso em treino do Santos no CT Rei Pelé — Foto: Raul Baretta/Santos FC

 


Enfrentando um cenário de forte crise financeira, o Santos Futebol Clube tenta equilibrar as contas enquanto evita novas restrições no mercado de transferências. Com três pendências internacionais em aberto, que somam aproximadamente R$ 43,7 milhões, a estratégia jurídica do clube passa pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), última instância para discutir decisões impostas pela Fifa.

A situação mais sensível envolve o Arouca, de Portugal, que acionou o Santos na Fifa após a contratação do zagueiro João Basso. A entidade máxima do futebol mundial condenou o clube brasileiro a pagar 2,5 milhões de euros — algo em torno de R$ 15,9 milhões. Para evitar um transfer ban imediato, o departamento jurídico alvinegro optou por recorrer ao TAS.

A decisão irritou o diretor-geral do Arouca, Joel Pinho, que declarou publicamente seu descontentamento com a medida: ele considera o recurso apenas uma tentativa de ganhar tempo. A expectativa é que o julgamento no TAS demore cerca de um ano para ser concluído.

Para o Santos, no entanto, a iniciativa é legítima. Internamente, o entendimento é de que qualquer processo na Fifa tem como via natural a possibilidade de contestação no TAS — especialmente quando envolve montantes elevados.

Outro ponto delicado é o caso com o Mônaco, da França. A contratação do volante Jean Lucas rendeu ao clube uma dívida de 2 milhões de euros (R$ 12,8 milhões). Condenado no fim de maio, o Santos solicitou explicações formais sobre os fundamentos da decisão antes de oficializar um novo recurso à corte internacional.

A diretoria santista acredita que também neste caso haverá margem para evitar sanções esportivas na próxima janela de transferências, caso a tramitação no TAS seja aceita.

O terceiro episódio envolve a comissão técnica do ex-treinador Pedro Caixinha. Após a demissão em abril, o português e seus auxiliares acionaram a Fifa cobrando R$ 15 milhões em multas rescisórias, valor que deveria ter sido quitado à vista. O Santos, por sua vez, tentou negociar o parcelamento até o fim da gestão atual, de Marcelo Teixeira, em 2026 — sem sucesso.

O julgamento dessa causa pela Fifa está previsto para agosto. Mais uma vez, caso o resultado seja desfavorável, o clube já sinaliza que pretende recorrer.

No cenário interno, o Peixe formalizou junto à Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF, um plano de pagamento para quitar cerca de R$ 42 milhões em débitos nacionais. Até junho, apenas R$ 2 milhões foram liquidados.

Essas iniciativas acontecem num momento crítico. O balanço financeiro de 2024 apontou um déficit de R$ 105,2 milhões e uma dívida total que ultrapassa os R$ 977 milhões.

Vale lembrar que, em 2023, a mesma gestão teve de lidar com três transfer bans motivados por dívidas com o técnico Fabian Bustos, o auxiliar Lucas Ochandorena e o clube russo Krasnodar, pela contratação de Christian Cueva. Todos esses casos foram resolvidos.

Fonte: Jogo de Hoje



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