Após condenações nos casos Santos Laguna e Matías Rojas, clube acumula dívidas que ultrapassam R$ 90 milhões; especialistas explicam o que pode acontecer
Félix Torres antes de Corinthians x Bahia — Foto: Marcos Ribolli
A recente decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra o Corinthians, no processo movido pelo meia Matías Rojas, acendeu o alerta entre os torcedores. O clube terá que pagar cerca de R$ 45 milhões ao jogador paraguaio em até 45 dias, sob risco de sofrer um novo transfer ban imposto pela Fifa.
No momento, o Timão já cumpre punição por conta da ação do Santos Laguna, do México, relacionada à contratação do zagueiro Félix Torres. Por isso, não pode registrar reforços em três janelas de transferências. A situação gerou preocupação e muitos passaram a questionar se o acúmulo dessas sanções poderia resultar até mesmo na perda de pontos no Campeonato Brasileiro.
Mas afinal, existe esse risco? O Jogo de Hoje ouviu advogados especializados em direito esportivo para esclarecer o tema.
— Há uma hierarquia nas punições. Primeiro vem o transfer ban, que é dado por períodos de inscrição. No caso do Corinthians, foi definida a proibição de registro de novos atletas por três janelas de transferências consecutivas. Se o clube se mantiver inadimplente, aí sim a medida seguinte será a perda de pontos. Não é o acúmulo de condenações que resulta nessa punição — explicou Cristiano Caús, sócio da CCLA Advogados.
Já para o advogado Higor Maffei Bellini, mestre em Direito Desportivo, existe um cenário em que a perda de pontos poderia ser aplicada:
— Pode acontecer de um credor falar para a Fifa que o Corinthians está com um ou dois transfer bans em curso e não está honrando o pagamento. Neste caso, pediria que o clube fosse sancionado com a perda de pontos, que não é automática. Há um prazo para pagar e evitar a perda de pontos após a comunicação da Fifa.
Em casos extremos, a sanção pode ser ainda mais dura: o rebaixamento.
— Essa seria a punição mais grave de todas, mas é uma graduação. Primeiro vem o transfer ban, depois a perda de pontos e, para haver o rebaixamento, além da reincidência de não pagamentos, o clube credor precisa requerer que seja aplicada a medida ao devedor. Não vem de ofício, só porque não está pagando.
— O importante é que se diga à entidade máxima do futebol, à Fifa, que o Corinthians, além de reincidente, está se furtando ao pagamento, mesmo com todas essas punições. Quero eu deixar claro que eu não acredito que o clube chegue a esse ponto. Alguma coisa vai ser feita para que seja quitada a dívida — acrescentou Bellini.
A perda de pontos já ocorreu no Brasil em 2020, quando o Cruzeiro foi punido com a retirada de seis pontos na Série B devido a uma dívida não paga.
No caso do Corinthians, a situação ainda permite manobra: o clube tem mais duas janelas para quitar o débito com o Santos Laguna, que já passa dos R$ 40 milhões, antes de sofrer consequências mais severas. Já no processo de Rojas, a suspensão vale por três períodos de inscrição, a partir da próxima janela.
Além disso, o Timão aguarda decisão definitiva em outros três processos já analisados pela Fifa, que somam valores milionários:
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US$ 4,3 milhões (R$ 22,7 milhões) ao Talleres, da Argentina, pela compra de Rodrigo Garro;
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€ 1,075 milhão (R$ 6,7 milhões) ao Shakthar Donetsk, da Ucrânia, pelo empréstimo do meia Maycon;
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R$ 10 milhões ao Philadelphia Union, dos EUA, pela chegada do volante José Martínez.
✦ Fonte – Jogo de Hoje 360°