Troca de comando afeta planejamento e prejudica desempenho da equipe. Derrota por 2 a 0 para o Racing poderia ter sido ainda pior.
Barboza e Savarino lamentam derrota do Botafogo para o Racing — Foto: REUTERS/Cristina Sille
O Botafogo iniciou sua jornada na decisão da Recopa Sul-Americana com um revés por 2 a 0 diante do Racing, na Argentina, nesta quinta-feira. E o placar, ainda que negativo, acabou sendo brando diante do que poderia ter ocorrido. Ao evitar um resultado mais elástico, a equipe mantém vivas as esperanças de reverter o cenário no jogo de volta, na próxima quinta, no Rio de Janeiro. No entanto, o panorama não é animador.
Aos poucos, o Botafogo vai perdendo a identidade que o levou ao protagonismo na última temporada. O time que encantou o Brasil em 2024 parece se esfacelar a cada nova partida. Primeiro foi o técnico Artur Jorge, depois saíram peças fundamentais como Luiz Henrique e Thiago Almada. Além disso, o elenco também perdeu nomes importantes para a rotação, como Adryelson, Marçal, Tchê Tchê, Eduardo e Tiquinho Soares. Com isso, o que fazia do Botafogo um time imponente – sua dinâmica de jogo – está se dissipando.
O sucesso do Alvinegro foi construído sobre uma mecânica ofensiva afinada e um sistema defensivo equilibrado. Sem Luiz Henrique e Thiago Almada, o rendimento de jogadores como Savarino e Igor Jesus caiu, algo previsível. A equipe passou a conceder mais espaços e os erros individuais se tornaram mais evidentes, como os de Alexander Barboza contra o Racing – o zagueiro cometeu um pênalti no primeiro gol e deixou brechas ao se lançar ao ataque no segundo.
Depois de uma atuação convincente contra o Fluminense, sinais preocupantes surgiram nas derrotas para o Flamengo – 3 a 1 na Supercopa do Brasil e 1 a 0 no Campeonato Carioca, este último com o rival poupando titulares. A comparação entre os clubes evidencia a queda botafoguense: o Alvinegro terminou 2024 em alta, mas já aparenta estar um nível abaixo do adversário.
A indefinição sobre o novo treinador só agrava a situação. Já se passaram seis semanas desde a saída de Artur Jorge, e o clube ainda não encontrou um substituto definitivo. Carlos Leiria, técnico das categorias de base, iniciou o ano no comando, e agora Cláudio Caçapa assumiu a equipe justamente na véspera da Recopa – a partida na Argentina foi sua primeira à frente do time principal.
John Textor, proprietário do futebol do Botafogo, já havia declarado que considera abril o verdadeiro início da temporada. Assim, a demora para definir um técnico não chega a ser surpreendente. No entanto, mesmo com esse aviso prévio, o planejamento segue sendo um problema, algo que até os jogadores reconhecem publicamente – como fez Alexander Barboza após a derrota para o Racing.
– Não temos mais o treinador do ano passado. O técnico de agora teve apenas três treinos conosco. Ele é interino, não sabemos se permanecerá. Os jogadores também mudaram. Os reforços estão chegando, mas muitos ainda não podem atuar e precisam de tempo. Alguns voltam de fora e precisam se readaptar ao futebol brasileiro. O tempo é curto e isso nos prejudica. Ainda não conseguimos assimilar uma nova ideia de jogo ou executar o que o treinador deseja. Estamos há apenas uma semana trabalhando nisso. É difícil fazer as coisas funcionarem desse jeito – disse o zagueiro à ESPN da Argentina.
Enquanto isso, o Botafogo já viu o maior rival levantar um troféu, corre risco de perder um título continental e enfrenta dificuldades no Campeonato Carioca, onde está fora da zona de classificação para as semifinais. O maior problema, porém, é outro: o time envolvente e dominante do ano passado parece estar ficando para trás.
Fonte: Jogo de Hoje 360