CBF mantém esperança em técnico italiano mesmo diante da falta de garantias com o Real Madrid; alternativas como Jorge Jesus e Abel Ferreira seguem paradas
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, anuncia a demissão do técnico Dorival Júnior no dia 28 de março — Foto: CBF
A menos de 30 dias do duelo contra o Equador pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, a Seleção Brasileira ainda está sem técnico. Já se passaram 38 dias desde a saída do último comandante, e 31 desde que o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, prometeu novidades “em breve”. Apesar disso, a entidade segue apostando em uma espera indefinida por Carlo Ancelotti, nome favorito ao cargo, enquanto mantém Jorge Jesus e Abel Ferreira como possibilidades em segundo plano.
O confronto com os equatorianos será realizado em 5 de junho, no Estádio Monumental de Guayaquil, pela 15ª rodada das Eliminatórias. A expectativa é que essa partida marque a estreia do novo técnico, mas a falta de definição segue marcando o cenário. Após hesitações nas tratativas, a CBF optou por manter o foco em Ancelotti, contando com uma possível liberação após o desfecho da temporada europeia. A decisão, porém, não depende da entidade, mas sim do Real Madrid e de seu presidente, Florentino Pérez.
A próxima grande data para esse desfecho pode ser o clássico contra o Barcelona no domingo, decisivo para o título espanhol. Ancelotti, no entanto, já havia sinalizado anteriormente que não pediria demissão e que qualquer movimentação dependeria do clube merengue. Na semana passada, houve uma tentativa de reunião em Londres com seu empresário, Frank Trimboli, mas o encontro não resultou em avanço — o técnico declinou formalizar um pré-acordo, enquanto o Real demonstrou incômodo com a negociação paralela.
O contrato de Ancelotti com o Real Madrid vai até 2026, e apesar das especulações sobre uma possível troca por Xabi Alonso, o italiano não aceitou abrir mão dos valores que teria a receber. No Brasil, isso foi interpretado como o fim da conversa. Porém, os dias seguintes trouxeram uma mudança de clima, e a CBF voltou a adotar a postura de aguardar, mesmo com o assédio de clubes como o Al Hilal, da Arábia Saudita, que teria oferecido um contrato de cerca de R$ 225 milhões anuais.
A indefinição atrasa o planejamento para a Data Fifa de junho. A convocação para os jogos contra Equador e Paraguai precisa ser enviada à FIFA até o dia 18, o que pressiona a CBF. Por ora, a responsabilidade pelo processo está com o diretor de seleções Rodrigo Caetano e o coordenador técnico Juan, que já trabalham em uma lista inicial com mais de 50 nomes — posteriormente reduzida aos 23 convocados.
O acordo com Ancelotti prevê chegada ao Brasil em 26 de maio, logo após o fim de La Liga. No entanto, isso depende de uma rescisão amigável com o Real Madrid. O planejamento também inclui a apresentação dos atletas no CT do Corinthians, em São Paulo, em 2 de junho. A viagem para Guayaquil ainda não tem data exata, mas o retorno está previsto para São Paulo, onde a Seleção enfrenta o Paraguai no dia 10, na Neo Química Arena.
Enquanto isso, as opções alternativas seguem na geladeira. Jorge Jesus chegou a ser sondado antes mesmo da última Data Fifa. Houve conversas iniciais e até avaliação sobre a multa rescisória com o Al Hilal. Ele pediu que a CBF aguardasse o fim da Champions Asiática. A situação, no entanto, mudou drasticamente: Jesus foi demitido na sexta-feira e está livre no mercado.
Abel Ferreira também tem apoio interno dentro da CBF. O técnico do Palmeiras é visto com bons olhos, mas não houve nenhuma abordagem oficial até o momento. A presidente do clube, Leila Pereira, confirmou que ninguém entrou em contato. Abel, com contrato até o fim de 2025, está prestes a disputar o Mundial de Clubes com o Palmeiras, cuja estreia será em 15 de junho, diante do Porto.
Diante do impasse com Ancelotti, uma movimentação chamou atenção nos bastidores: Davide Ancelotti, filho e auxiliar do técnico, foi oficialmente anunciado como treinador disponível por uma agência de representação. A expectativa é que ele siga o pai por mais um ano apenas se o destino for a Seleção Brasileira. Caso contrário, planeja iniciar carreira solo imediatamente.
Enquanto isso, a espera continua. Sem poder interferir nas decisões do Real Madrid, a CBF torce por um desfecho que permita o início de um novo ciclo.
“Não vou dizer nada. Não sei o que vai acontecer. Aconteça o que acontecer, será uma despedida fantástica. Nunca tive uma briga em seis anos de clube, nem terei uma no último dia, que não sei quando será. Pode ser em 25 de maio, em 2026, em 2030”, disse Carlo Ancelotti em entrevista coletiva no sábado.
Fonte: Jogo de Hoje 360