Clube mineiro contesta decisão após acusação de injúria racial em partida contra o Operário-PR pela Série B
Miguelito, do América-MG, em duelo com o Operário-PR — Foto: Giovani Baccin/AGIF
O América-MG encaminhou ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) um pedido formal de reconsideração da suspensão preventiva imposta ao meia boliviano Miguelito. A suspensão ocorreu após o atleta ser acusado de injúria racial durante o confronto contra o Operário-PR, válido pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Segundo informações divulgadas pela rádio Itatiaia, a defesa do clube contratou um perito especializado em leitura labial para reforçar sua argumentação jurídica. O laudo aponta que Jacy, capitão do time paranaense e uma das testemunhas ouvidas no inquérito, teria afirmado que não ouviu o que foi dito por Miguelito no momento do incidente.
A solicitação será analisada por Luís Otávio Veríssimo, atual presidente do STJD. Embora o julgamento do caso ainda não tenha data definida, a expectativa é de que ocorra na próxima semana.
O próximo compromisso do América-MG está marcado para quarta-feira (14), às 19h30, contra o Paysandu, no estádio Independência, pela sétima rodada da Série B. Com nove pontos somados em seis rodadas, o time ocupa posição intermediária na tabela.
O que aconteceu no jogo
O caso de injúria racial aconteceu ainda no primeiro tempo do duelo entre Operário-PR e América-MG. Após uma falta, enquanto os atletas se posicionavam para a cobrança, Miguelito teria se dirigido verbalmente ao atacante Allano, do time paranaense. A fala gerou reação imediata de Allano, que foi confrontar o jogador, acompanhado de Jacy, que estava próximo da jogada. Ambos foram ao árbitro relatar o episódio.
Diante da acusação, o camisa 10 do América-MG foi denunciado com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de práticas discriminatórias. A possível punição prevê suspensão de até dez partidas e multa de até R$ 100 mil.
O árbitro da partida, Alisson Sidnei Furtado, aplicou o protocolo de combate ao racismo da FIFA e da CBF, cruzando os braços na altura do peito em “X”. A partida chegou a ser paralisada por cerca de 15 minutos, enquanto se discutia a situação e se aguardava a checagem de imagens. Após isso, o jogo prosseguiu sem punições diretas em campo. A súmula da partida relatou o caso de injúria racial.
Após o apito final, os envolvidos foram conduzidos à sede da 13ª Subdivisão Policial por uma equipe da Polícia Militar. Miguelito foi autuado em flagrante com base na Lei nº 7.716/89, que trata de crimes resultantes de preconceito.
Já em liberdade desde segunda-feira, o jogador responderá ao processo fora da prisão, enquanto o caso segue em investigação. O Ministério Público pode apresentar denúncia formal, e a Polícia Civil está em contato com emissoras de TV para obter possíveis imagens que confirmem ou não a acusação.
Fonte: Jogo de Hoje 360