Clube mineiro prepara pedido de efeito suspensivo para permitir que atleta atue até novo julgamento
Miguelito, do América-MG, em duelo com o Operário-PR — Foto: Giovani Baccin/AGIF
O meia Miguelito, do América-MG, foi punido com cinco partidas de suspensão pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), após julgamento relacionado à acusação de injúria racial envolvendo o atacante Allano, do Operário-PR. O departamento jurídico do clube já se movimenta para solicitar um efeito suspensivo, com o objetivo de liberar o jogador enquanto aguarda uma nova audiência no tribunal.
Miguelito já estava afastado de forma preventiva desde a denúncia do episódio ocorrido durante confronto válido pela Série B do Campeonato Brasileiro, diante do Operário. Para embasar a defesa, o América contratou um laudo técnico com leitura labial, visando analisar a interação entre os atletas no momento da acusação. De acordo com o material, Jacy — capitão da equipe paranaense e testemunha no caso — teria dito em campo que não escutou as palavras proferidas por Miguelito.
A suposta injúria ocorreu ainda no primeiro tempo da partida. Após uma falta, quando os jogadores aguardavam a cobrança, Miguelito teria se dirigido ao atacante Allano, o que levou à reação imediata do jogador do Operário e também de Jacy, que estavam próximos no lance. Na sequência, os atletas comunicaram o ocorrido ao árbitro.
A Procuradoria denunciou Miguelito com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), cuja pena pode chegar a dez jogos de suspensão, além de multa de até R$ 100 mil.
O árbitro Alisson Sidnei Furtado aplicou o protocolo antirracismo previsto por FIFA e CBF, cruzando os braços em forma de "X" à altura do peito para sinalizar a denúncia. A partida foi interrompida por 15 minutos, enquanto havia discussão entre os atletas e aguardo por eventual checagem de imagens. O jogo foi retomado sem punições no campo, mas o caso foi registrado em súmula.
Após o apito final, Miguelito, Allano e Jacy foram conduzidos por agentes da Polícia Militar até a 13ª Subdivisão Policial, onde prestaram depoimento. Miguelito recebeu voz de prisão em flagrante por injúria racial, conforme previsto na Lei nº 7.716/89.
O atleta deixou a detenção na cidade de Ponta Grossa na segunda-feira seguinte e irá responder ao processo em liberdade. A Polícia Civil já iniciou diligências para obter gravações da transmissão da partida, com o intuito de identificar se há imagens que confirmem o ato discriminatório. O Ministério Público também acompanha o caso e pode formalizar denúncia contra o jogador.
Fonte: Jogo de Hoje 360